sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

"RECEITA DE ANO NOVO" VIDEO

http://www.youtube.com/watch?v=nh-3lhrwvkE&feature=related

"Receita de ano novo" Carlos Drummond de Andrade

Para você ganhar belíssimo Ano Novo


cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,


Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido


(mal vivido talvez ou sem sentido)


para você ganhar um ano


não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,


mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;


novo até no coração das coisas menos percebidas


(a começar pelo seu interior)


novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,


mas com ele se come, se passeia,


se ama, se compreende, se trabalha,


você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,


não precisa expedir nem receber mensagens


(planta recebe mensagens?


passa telegramas?)


Não precisa


fazer lista de boas intenções


para arquivá-las na gaveta.


Não precisa chorar arrependido


pelas besteiras consumidas


nem parvamente acreditar


que por decreto de esperança


a partir de janeiro as coisas mudem


e seja tudo claridade, recompensa,


justiça entre os homens e as nações,


liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,


direitos respeitados, começando


pelo direito augusto de viver.


Para ganhar um Ano Novo


que mereça este nome,


você, meu caro, tem de merecê-lo,


tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,


mas tente, experimente, consciente.


É dentro de você que o Ano Novo


cochila e espera desde sempre.




UM ÓTIMO ANO NOVO

A EQUIPA DA BE FERNANDO NAMORA DESEJA A TODA A COMUNIDADE EDUCATIVA UM NOVO ANO CHEIO DE SUCESSOS

domingo, 12 de dezembro de 2010

Jingle Bells

FELIZ NATAL


A EQUIPA DA BE FERNANDO NAMORA DESEJA A TODA A COMUNIDADE EDUCATIVA UM FELIZ NATAL



NATAL



Acontecia. No vento. Na chuva. Acontecia.

Era gente a correr pela música acima.

Uma onda uma festa. Palavras a saltar.



Eram carpas ou mãos. Um soluço uma rima.

Guitarras guitarras. Ou talvez mar.

E acontecia. No vento. Na chuva. Acontecia.



Na tua boca. No teu rosto. No teu corpo acontecia.

No teu ritmo nos teus ritos.

No teu sono nos teus gestos. (Liturgia liturgia).

Nos teus gritos. Nos teus olhos quase aflitos.

E nos silêncios infinitos. Na tua noite e no teu dia.

No teu sol acontecia.



Era um sopro. Era um salmo. (Nostalgia nostalgia).

Todo o tempo num só tempo: andamento

de poesia. Era um susto. Ou sobressalto. E acontecia.

Na cidade lavada pela chuva. Em cada curva

acontecia. E em cada acaso. Como um pouco de água turva

na cidade agitada pelo vento.



Natal Natal (diziam). E acontecia.

Como se fosse na palavra a rosa brava

acontecia. E era Dezembro que floria.

Era um vulcão. E no teu corpo a flor e a lava.

E era na lava a rosa e a palavra.

Todo o tempo num só tempo: nascimento de poesia.


Manuel Alegre